terça-feira, 1 de junho de 2010

O SONHO DE ACALENTAR UM FILHO

Todos estamos aqui reunidos e motivados pelo sonho de acalentar um filho.

Queremos aumentar nossa família, realizar o sonho da maternidade, da paternidade, queremos dar seguimento à nossa linhagem, ao nosso nome, andar de mãos dadas com uma mão fofinha, macia e quentinha numa bela tarde de verão,  se lambuzando de sorvete. Desejamos acolher, cuidar, amar, ensinar os primeiros passos, as primeiras palavras. Enfim, queremos projetar nosso futuro nos olhinhos de uma criança que será nossa.

Pelos motivos mais variados, escolhemos estar aqui para encontrar essa ventura no colo de um pimpolho que não saiu de nosso ventre, que não tem nossos genes, mas com certeza, já mora no nosso coração e esperaremos, ansiosos, a sua chegada.

Seja através da gravidez biológica ou da adoção, estamos todos gestando, pois esperamos a formação desse ser que completará nossa vida.

Conceber significar criar, gerar, e não se restringe à criação biológica. É um processo natural, psíquico que demanda coragem, perseverança, paciência, é um exercício de fé.

Concebemos uma idéia, um projeto de vida, preparamos e organizamos nossa vida para materializar esse sonho. E para isso, o tempo, as adversidades, os medos e frustrações acompanham nosso êxito, não raro, acompanhado de risos e lágrimas.

A gestação biológica é por si só a preparação do feto para chegar ao mundo sadio e completo, ao mesmo tempo, que também prepara o corpo e a vida da família para receber o bebê que virá em 9 meses, e em alguns casos, antes. Mas, o nosso corpo, nossa mente, nossa alma, nossa família precisam desse tempo para amadurecer a investidura do cargo de mãe e pai, irmãos.

A gestação pela adoção não é diferente, pois precisamos de um tempo para nos adequarmos, nos prepararmos para a chegada do nosso filho ou filha, ou filhos. A vida é sábia, num e noutro caso, a natureza age silenciosamente, fazendo com que, ao seu tempo, seja chegado o momento do parto. Inúmeras histórias relatam que esse filho nasce exatamente no momento que deveria. A diferença com a gestação biológica é que não cronometramos o momento da luz em 40 semanas, dependemos de fatores externos, burocráticos, mas sabiamente manipulados pelo destino.

Aliado ao tempo certo, precisamos estar preparados para todas as surpresas de uma gestação.

Quando engravidamos biologicamente, rogamos aos céus que nosso filho seja o que for, mas nasça com saúde. Mas, seja o for, acalentaremos nossa barriga na certeza de que aceitaremos nosso filho, seja de que forma for.

Na adoção, também não poderia ser diferente. Ao preencher os questionários de habilitação , é preciso ter o coração e a visão aberta, assim como nos aventuramos numa gravidez biológica. Gestar um filho por adoção importa em aceitar o que a vida nos mandar.

Ao escolher a maternidade e a paternidade, não estamos limitando nosso poder de amar, condicionado a determinadas características físicas e psíquicas. Na vida biológica estamos submetidos a uma variadíssima gama de fatores genéticos para formar a identidade de nosso filho e o mesmo não seria diferente com nosso filho do coração.

Abrir o perfil adotivo importa na certeza e na fé de que a vida te mandará aquilo que for ideal ao seu desenvolvimento.

O nosso filhote pode estar escondido atrás de alguma deficiência ou condição de saúde adversa, mas nosso amor e condicionamento será capaz de reconhecê-lo, integrá-lo e amá-lo incondicionalmente.

Das poucas certezas que a adoção traz, umas das únicas é de que trará muita alegria e felicidade.

(Fabiana Gadelha)

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