segunda-feira, 24 de maio de 2010

FILHO ADOTIVO, FAMÍLIA FELIZ



Fonte: Jornal Correio Braziliense, em 23/05/2010
          Marcelo Abreu

Na próxima terça-feira, comemora-se o Dia Nacional da Adoção. Hoje, o Correio conta cinco emocionantes histórias de famílias que enfrentaram todas as etapas para que um novo ser entrasse em suas vidas. Uma rotina de espera, angústia e, por fim, renascimento  de ambas as partes



Miguel
“Amor incondicional” 

“Sempre pensei que nunca me casaria. Mas seria mãe de filhos adotivos”, assim pensava a advogada paulistana Fabiana Abrantes Campos Gadelha. Mas o destino a traiu. Ela namorou apenas 70 dias e se casou. Logo nasceu Valentina, hoje com 3 anos e cinco meses. E ela disse ao marido: “O segundo será adotivo”. Ele concordou.

O marido Leandro Gadelha de Paula, administrador de 29 anos, certa vez lhe perguntou: “E uma criança especial, você aceitaria?”. Ela não hesitou: “Não consigo”. Um dia, conheceu Paulinho, um menino de 3 anos, com leucemia, que vivia na Abrace. Valentina contava oito meses. Fabiana e Leandro acolheram-no provisoriamente, até que o processo de adoção se concretizasse. Primeiro habilitaram-se na VIJ e escreveram no perfil: “criança de zero a 3 anos de idade, menino ou menina, de qualquer raça e doença tratável”. Não houve tempo. Depois de quatro meses de convivência e um longo processo de quimioterapia, Paulinho morreu. O casal continuava na fila. “Vivemos o luto de uma família que perde um filho”, ela diz. E eles passaram a participar de grupos virtuais sobre adoção. E conheceram o Aconchego.

Fabiana mudou o perfil no cadastro. Estendeu-o a crianças especiais também. E foi para o cadastro nacional. Passaram-se alguns meses. Um dia, em 22 de setembro de 2009, recebeu um e-mail: “Menino com síndrome de Down, de 9 meses e 8kg, quer?”. E ele estava a quilômetros deles, num abrigo em Tibagi, a 200km de Curitiba (PR). Ela disse ao marido, com certeza inabalável: “É ele. É o nosso filho que nos espera”. Para completar, o casal estava desempregado. Morara nessa época em Uberlândia (MG). Para a viagem, eles pediram ajuda à família. Levaram Valentina e lhe disseram que iam buscar seu irmãozinho. “Quando eu vi aquele bebê molinho, ele tava no colo de uma funcionária da instituição. Eu abracei ele, beijei. Era o meu filho que esperava por mim”, conta Fabiana.

Há 90 dias, o casal deixou Uberlândia e veio para Brasília. Há sete meses, Miguel (que um dia se chamou Pedro Henrique) entrou na vida deles. A nova certidão ficará pronta na semana que vem. Em julho, será batizado. De segunda a sexta-feira, faz fisioterapia, estimulação precoce, hidroterapia e fonoaudiologia. E ri, ri muito de felicidade. Fabiana e Leandro arrumaram novos empregos. Moram em Águas Claras e viraram uma família completa. “O Miguel nos ensina todo dia. É um amor incondicional”, diz o pai, que criou um blog para falar sobre adoção especial e conta a história do seu filho (adocaoespecial.blogspot.com). A mãe, com a voz embargada, emenda: “Ele me devolveu uma fé que eu havia perdido. Encheu nossa vida de luz”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário