A pesquisa para a tese foi realizada com 400 pais adotivos, filhos adotivos e filhos biológicos que têm irmãos adotivos, moradores de 17 Estados e 105 cidades diferentes do Brasil. A análise dos resultados mostrou as características da população de famílias adotivas no Brasil, abrangendo suas motivações e sentimentos acerca do processo de adoção e verificou a existência de algumas relações entre as diferentes variáveis descritas de uma forma geral. O quadro seguinte mostra alguns mitos e as verdades encontradas na pesquisa empírica:
MITOS | VERDADES |
Filhos adotivos sempre têm problemas | O filho adotivo não tem dificuldades na escola, nem com a educação ou relacionamento afetivo |
Filhos adotivos sempre pensam na família de origem e querem conhecê-la | O filho adotivo não quer ter muitas informações nem conhecer a família biológica, mas quer conversar com os pais adotivos sobre a adoção |
Escolher a criança a ser adotada facilita o vínculo afetivo | A escolha da criança não determinou maior ou menos qualidade no relacionamento afetivo |
A motivação para a adoção é sempre a infertilidade | 63% dos adotantes adotaram por infertilidade e 37% alegaram motivações altruístas = ajudar a criança |
A motivação para adoção é fundamental para o sucesso da adoção e adoções “por caridade” não” dão certo | A motivação (altruísmo ou infertilidade) não determinou melhor relacionamento afetivo |
Somente pessoas ricas podem adotar | Existem adotantes em todas as faixas econômicas, mas há predomínio de pessoas com melhor poder aquisitivo e melhor condição sócio-cultural |
Pessoas mais esclarecidas são menos exigentes e têm menor preconceito | São os adotantes de menor poder aquisitivo e nível sócio-cultural que mais fizeram adoções altruístas e apresentaram exigências menores em relação à criança. A proporção de pessoas das religiões espíritas e protestantes é mais alta entre os adotantes do que na população em geral |
Os adotantes preferem bebês recém-nascidos | Sim, os adotantes adotam bebês até 3 meses (71%), com leve preferência por meninas de cor branca e saudáveis. |
Adotar deve ser natural e não é preciso preparação especial | Os adotantes e filhos adotivos afirmam que é fundamental ter uma preparação para a adoção |
Atualmente as adoções são através do sistema legal | 52% das adoções são legal – feitas nos Juizados e 48% são adoções informais – registro da criança como filho biológico |
Atualmente ninguém mais discrimina os adotivos | Famílias por adoção sofrem discriminação e os filhos afirmam que ela vem quase sempre da família extensa e dos amigos e não de estranhos |
Filhos adotivos de cor de pele diferente têm mais problemas em relação à discriminação | A cor da pele da criança adotada não trouxe maior discriminação ou tratamento preconceituoso |
Pais que têm filhos biológicos e adotivos têm sentimento maior pelos biológicos | Pais e filhos biológicos afirmam que o tratamento é igual, mas os filhos adotivos dizem que, às vezes, os biológicos têm melhor tratamento |
É melhor a criança adotada não saber de sua adoção | Um dos maiores problemas encontrados nas famílias foi quando houve ocorrência de revelação tardia (após os 6 anos) e/ou inadequada (feita por terceiros) |
É melhor não falar muito do assunto com o filho adotivos para não potencializar a importância da origem | Os pais devem sentir-se confortáveis, falar disso com o filho adotivo. Filhos adotivos dizem que o “diálogo” é um fato importante para o sucesso da relação adotiva. |
Filhos adotivos têm dificuldade em amar seus pais adotivos | 92,5% dos filhos adotivos afirmaram amar seus pais; os pais adotivos citam o atributo “ser afetivo” como o principal em seus filhos adotivos |
(Fonte: Lidia Natalia Dobrianskyj Weber)
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